quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O senhor esguio no balcão



Ele chegou por volta das onze horas da manhã, e se sentou no banco mais perto da estufa de salgados, no balcão.
Pediu um caffè espresso e um pão de queijo.
Ele era um senhor esguio e alto.
De pele clara, um pouco queimada do sol, e sulcada pela areia do tempo.
Tinha o cabelo e bigode grisalhos.
Entreguei-lhe o café, e ele disse:
-A senhorita estuda?
#Sim, estou no primeiro ano..
-E os outros que trabalham com você, estudam?
#Sim, todos.
-Todos?! Mas isso é ótimo!
-Escute, senhorita, só de aposentadoria eu tenho 20 anos, e trabalhei por 40, eu peço pra me trazerem aqui pra eu tomar café só pelo ambiente, aqui tem muitos jovens, eu me sinto jovem aqui, e saio daqui mais jovem. Só por isso. E o caffè estava excelente.

Passou duas semanas e ele apareceu novamente, e disse as mesmas palavras.
E bebi cada palavra como ele bebia o café.
Deliciosamente.
Esperando alguma coisa a mais, e nunca o vinha, e mesmo assim era delicioso.